Desigualdade digital e desastres de segunda natureza: mídias sociais na recuperação do tufão Haiyan

Autores

  • Mirca Madianou Doutora pela London School of Economics, é Professora em Mídia e Comunicação em Goldsmiths, Universidade de Londres.

Palavras-chave:

mí­dias sociais e desastres, comunicação de crises, humanismo, desigualdade digital, desigualdade social, telefones móveis, sites de redes sociais, ambientes midiáticos, polymedia, etnografia.

Resumo

Este artigo investiga a intersecção entre desigualdade social e digital no contexto da recuperação de desastres. Ao fazê-lo, o texto responde ao otimismo presente nas reivindicações recentes sobre "tecnologias humanitárias", referindo-se às capacitações e aplicações de tecnologias interativas por pessoas atingidas por desastres. Baseado em uma etnografia de longo prazo com comunidades afetadas em recuperação do tufão Haiyan – que atingiu as Filipinas em 2013, desencadeando uma massiva resposta humanitária – , o artigo oferece uma avaliação fundamentada do papel das mídias sociais na recuperação de desastres. Em particular,o texto enfoca se quaisquer consequências positivas associadas aos usos das mídias digitais são igualmente disseminadas entre os participantes mais favorecidos e aquelessocialmente marginalizados. A análise revela acentuadas desigualdades digitais as quais se reportam às desigualdades sociais existentes. Enquanto alguns de nossos participantes já bem-sucedidos têm um rico acesso í  paisagem midiática que os permite navegar colhendo frequentemente benefícios significativos, participantes de baixa renda são atados a uma recuperação retardada com reduzidas oportunidades em mídias sociais. O fato de que alguns participantes utilizem as mídias sociais para se recuperar em passos rápidos enquanto outros definham representa um aprofundamento das desigualdades sociais. Nesse sentido, a desigualdade digital pode amplificar as desigualdades sociais conduzindo a
um potencial "desastre de segunda natureza". Isto se refere a desastres humanamente perpetuados que podem mesmo ultrapassar os efeitos das devastações naturais.

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Publicado

2017-06-29

Edição

Seção

Dossiê "Comunicação e Desigualdades"