"Todas as lembranças são rastros de lágrimas": a memória na criação de Wong Kar-Wai
Abstract
Esse artigo investiga o papel da memória na criação dramatúrgica do diretor e roteirista chinês Wong Kar-wai. O ensaio baseia-se em três filmes de Wong Kar-wai: "Dias selvagens" ("A-Fei Zhengzhuan", 1991), "Amor í flor da pele" ("Huayang Nianhua", 2001) e "2046" (2005) e analisa o papel da memória sob quatro focos: o foco nos personagens, incapazes de se desvencilhar de um passado que guia suas ações e os impede de viver plenamente o presente; o foco na obra, pensada numa estrutura de série, em que os filmes posteriores remetem í lembrança dos anteriores; o foco no autor, que situa seus filmes na década de 60 como uma maneira de preservar suas lembranças dessa época; e o foco na cidade de Hong Kong, que, para fugir í inquietação da espera das mudanças decorrentes de sua reintegração í República Popular da China, refugia-se na lembrança do passado.
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